quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Um (Re)Tornar-Ser Crítico Cultural


Eider Ferreira Santos
(Mestre em Crítica Cultural/UNEB) 


Nestes 10 anos de existência do Programa de Pós-Graduação em Crítica Cultural intenciono, por meio destas linhas, materializar minha memória do vivido nesse ambiente de intensa produção; por isso, um (RE)TORNAR-SER enquanto duplo sentido do retorno e do SER, pois é no fio da memória que nos tecemos. A princípio é preciso considerar que o SER crítico cultural não está posto como concluso, mas em construção, pois é desse modo que me foi apresentado.

Ser crítico cultural é estar em devir, em ser, em tornar-se. Isso me faz recordar a não existência de verdade absoluta, concluída, maior ou menor, mas que existem versões; existem possibilidades, existem rizomas que levam a diversos caminhos. Foi justamente esse pensamento crítico cultural que me fez crítico cultural em processo, em (re)tornar-ser. E para tornar-se é preciso retornar.

Retorno aos momentos de intensas discussões teórico-epistemológicas nos diferentes laboratórios de pensamento crítico, seja através da Metodologia em Crítica Cultural nos seus desmontes dos métodos, do retorno ao cotidiano; das Políticas da Subjetividade, nos lembrando a subjetividade como lugar de manifestação dos conhecimentos, da valorização das narrativas de si; das Teorias e Críticas da Cultura com seu hibridismo e pluriculturalismo; da Literatura, Cultura e Modos de Produção com a produção da vida e da existência como outra alternativa; da Literatura Afro-Brasileira e Africana pensando a resistência do negro da na arte e na vida. Retorno à Fábrica de Letras, em seu período nascente, enquanto convite à difusão do conhecimento, editando, reeditando, democratizando as pesquisas; retorno a WebRádio Pós-Crítica, como lugar de transcendência do conhecimento; retorno aos Seminários Entrelinhas, lugar do debate e crescimento. Retorno à produção científica, notadamente a escrita da dissertação, me lembrando a potência da palavra, da língua, da pesquisa enquanto lugar de resistência. Retorno à minha Defesa de Dissertação, ocorrida na escola onde cursei o ensino médio, momento pós-crítico que só esse programa poderia me proporcionar: pesquisa de mestrado assistida e ouvida por alunos, professores, funcionários, comunidade, familiares.

É, pois, esse retornar que me torna crítico cultural, agora inserido no mundo, no mundo do trabalho, no mundo da escola, no mundo das interações sociais, como presença resistente, tendo as letras, o discurso, a literatura, a língua como arma de luta.

Por tudo isso, obrigado Pós-Crítica! Vida longa e produtiva!


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