Um (Re)Tornar-Ser Crítico Cultural
Eider Ferreira Santos
Nestes 10 anos de existência do Programa de Pós-Graduação em
Crítica Cultural intenciono, por meio destas linhas, materializar minha memória
do vivido nesse ambiente de intensa produção; por isso, um (RE)TORNAR-SER enquanto
duplo sentido do retorno e do SER, pois é no fio da memória que nos tecemos. A
princípio é preciso considerar que o SER crítico cultural não está posto como
concluso, mas em construção, pois é desse modo que me foi apresentado.
Ser crítico cultural é estar em devir, em ser, em tornar-se.
Isso me faz recordar a não existência de verdade absoluta, concluída, maior ou
menor, mas que existem versões; existem possibilidades, existem rizomas que
levam a diversos caminhos. Foi justamente esse pensamento crítico cultural que
me fez crítico cultural em processo, em (re)tornar-ser. E para tornar-se é
preciso retornar.
Retorno aos momentos de intensas discussões
teórico-epistemológicas nos diferentes laboratórios de pensamento crítico, seja
através da Metodologia em Crítica Cultural nos seus desmontes dos métodos, do
retorno ao cotidiano; das Políticas da Subjetividade, nos lembrando a
subjetividade como lugar de manifestação dos conhecimentos, da valorização das
narrativas de si; das Teorias e Críticas da Cultura com seu hibridismo e
pluriculturalismo; da Literatura, Cultura e Modos de Produção com a produção da
vida e da existência como outra alternativa; da Literatura Afro-Brasileira e
Africana pensando a resistência do negro da na arte e na vida. Retorno à
Fábrica de Letras, em seu período nascente, enquanto convite à difusão do
conhecimento, editando, reeditando, democratizando as pesquisas; retorno a WebRádio
Pós-Crítica, como lugar de transcendência do conhecimento; retorno aos
Seminários Entrelinhas, lugar do debate e crescimento. Retorno à produção científica,
notadamente a escrita da dissertação, me lembrando a potência da palavra, da
língua, da pesquisa enquanto lugar de resistência. Retorno à minha Defesa de
Dissertação, ocorrida na escola onde cursei o ensino médio, momento pós-crítico
que só esse programa poderia me proporcionar: pesquisa de mestrado assistida e
ouvida por alunos, professores, funcionários, comunidade, familiares.
É, pois, esse retornar que me torna crítico cultural, agora
inserido no mundo, no mundo do trabalho, no mundo da escola, no mundo das
interações sociais, como presença resistente, tendo as letras, o discurso, a
literatura, a língua como arma de luta.
Por tudo isso, obrigado Pós-Crítica! Vida longa e produtiva!
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