domingo, 18 de agosto de 2019

Carta ao Pós-Crítica


Carta ao Pós-Crítica


Juliene Cristian Silva Pinto
(Mestra em Crítica Cultural/UNEB)

Entre Rios, 11 de agosto de 2018.

Aos mestres do Pós-Crítica, com carinho

Criatividade. Competência. Pesquisa. Sucesso Profissional. De certo, esses quatro pilares foram conquistados ao longo da minha vida acadêmica, nos sete anos passados, desde o ingresso no Curso de Licenciatura em Letras, Língua Francesa e Literaturas, pela UNEB, sob à luz dos primeiros meses de 2012. Considero o salto dado, após a conclusão do referido curso, direto para o Mestrado em Crítica Cultural, como um divisor de águas, que potencializou, sobremaneira, tais aspectos. Inclusive, por ter somado o aprendizado adquirido na Iniciação Científica (2013-2015), junto à Profa. Edil, aos encontros com o grupo de pesquisa coordenado pelo Prof. Osmar.

Em minhas mãos, de negra-índia (e pianista, como ouvi certa vez), há uma lupa ampliada capaz de visualizar barbáries, máculas e feridas nos corpos das minorias. No entanto, se o sistema opressor, em sua vontade de poder, dispara uma máquina demolidora — munida pelo capital financeiro e humano —, mapas precisam ser traçados, e estratégias estético-políticas acionadas a fim de combatê-lo. Talvez essa foi a maior lição adquirida, nesse tempo de formação, no Pós-Crítica, não a mais importante, obviamente, mas a que me toca com paixão.

Mais crítica e atenta às versões da história oficial, e ao agenciamento político e epistêmico das minorias, sigo numa estrada de curvas sinuosas, sem medo de fazer uso do arsenal teórico-metodológico ensinado pelos professores Osmar e Neuma, no primeiro ano de ingresso ao curso. Confesso que, mesmo preferindo a literatura até o infinito, fui tomada pelo charme da linguística emanado das aulas de Metodologia da Pesquisa em Crítica cultural. Pausa para um segredo: pela primeira vez li Derrida.

As professoras Nazaré e Lícia me convidaram a levar as várias linguagens para a sala de aula, como meio de fazer identificar e barrar o esquecimento institucional das minorias, visto que o espaço escolar é um laboratório sem precedentes para o agenciamento do pensamento. Os professores Félix e Washington tornaram evidentes, entre outras coisas, as origens dos estudos culturais, as versões de cultura, o si e o abjeto. Conheci Adorno, Horkheimer e Lacan. Revisitei George Bataille.

Com o Prof. Seidel fiquei convencida — por meio de exercício profícuo — da possibilidade de comparar obras distintas, em seu conteúdo temático, ou mesmo relacionar teorias em busca de aproximações, complementariedades e distanciamentos. Sobretudo, que devo encarar meus medos, ler mais em espanhol e tentar um intercâmbio, já que adoraria conhecer o mundo.

A Profa. Jailma me ajudou a ser mais atenta à lógica da indústria cultural, e perceber a potência do sistema comunal e solidário. Além do contato com esse arcabouço teórico diferenciado, pelos tantos artigos escritos e publicadas, resultados do trabalho desenvolvido nas disciplinas, renovei meu repertório vocabular, o que interferiu de maneira positiva no domínio da modalidade formal da Língua Portuguesa.

O Programa também me tornou uma mulher mais decidida; cada vez menos tímida. Um ganho simbólico altamente aceitável. Acabo de me desligar do curso, isto é, cumpri os créditos e alcancei aprovação na defesa. Mas, me sinto parte dele como se eu fosse uma de suas ramificações poderosas. Não por outra razão, há muito o que agradecer por tudo que registrei, aqui, e pelas portas e janelas que se abrirão doravante (concursos, aulas na graduação, minicursos, palestras, intercâmbio, etc.).

Profissionalismo e humanidade são as palavras de ordem, que me fazem lembrar com carinho dos professores que tive. Deixo um agradecimento especial a meu orientador, Prof. Osmar, que me direcionou de maneira singular. Por meio de seu olhar atento, pude desengavetar a pesquisa, defendida na graduação, e avançar no sentido de analisar os modos estético-políticos dos indígenas brasileiros superarem as ordens de despejo ontológica, territorial e linguística. Trata-se de um estudo, decididamente, a ser continuado no Doutorado.

No mais, parabéns ao Pós-Crítica pelos 10 anos de “dever cumprido”, e à equipe docente pela experiência rica e energizante que pôde me proporcionar.

Cheia de saudades,

Juliene Cristian Silva Pinto (Egressa da turma 2017.1).

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