Carta ao Pós-Crítica
Juliene
Cristian Silva Pinto
(Mestra em Crítica Cultural/UNEB)
Entre
Rios, 11 de agosto de 2018.
Aos
mestres do Pós-Crítica, com carinho
Criatividade. Competência. Pesquisa. Sucesso
Profissional. De certo, esses quatro pilares foram conquistados ao longo da minha
vida acadêmica, nos sete anos passados, desde o ingresso no Curso de
Licenciatura em Letras, Língua Francesa e Literaturas, pela UNEB, sob à luz dos
primeiros meses de 2012. Considero o salto dado, após a conclusão do referido
curso, direto para o Mestrado em Crítica Cultural, como um divisor de águas, que
potencializou, sobremaneira, tais aspectos. Inclusive, por ter somado o
aprendizado adquirido na Iniciação Científica (2013-2015), junto à Profa. Edil,
aos encontros com o grupo de pesquisa coordenado pelo Prof. Osmar.
Em minhas mãos, de negra-índia (e pianista,
como ouvi certa vez), há uma lupa ampliada capaz de visualizar barbáries,
máculas e feridas nos corpos das minorias. No entanto, se o sistema opressor,
em sua vontade de poder, dispara uma máquina demolidora — munida pelo capital
financeiro e humano —, mapas precisam ser traçados, e estratégias
estético-políticas acionadas a fim de combatê-lo. Talvez essa foi a maior lição
adquirida, nesse tempo de formação, no Pós-Crítica, não a mais importante,
obviamente, mas a que me toca com paixão.
Mais crítica e atenta às versões da história
oficial, e ao agenciamento político e epistêmico das minorias, sigo numa
estrada de curvas sinuosas, sem medo de fazer uso do arsenal teórico-metodológico
ensinado pelos professores Osmar e Neuma, no primeiro ano de ingresso ao curso.
Confesso que, mesmo preferindo a literatura até o infinito, fui tomada pelo
charme da linguística emanado das aulas de Metodologia da Pesquisa em Crítica
cultural. Pausa para um segredo: pela primeira vez li Derrida.
As professoras Nazaré e Lícia me convidaram a
levar as várias linguagens para a sala de aula, como meio de fazer identificar
e barrar o esquecimento institucional das minorias, visto que o espaço escolar
é um laboratório sem precedentes para o agenciamento do pensamento. Os
professores Félix e Washington tornaram evidentes, entre outras coisas, as
origens dos estudos culturais, as versões de cultura, o si e o abjeto. Conheci
Adorno, Horkheimer e Lacan. Revisitei George Bataille.
Com o Prof. Seidel fiquei convencida — por
meio de exercício profícuo — da possibilidade de comparar obras distintas, em
seu conteúdo temático, ou mesmo relacionar teorias em busca de aproximações,
complementariedades e distanciamentos. Sobretudo, que devo encarar meus medos,
ler mais em espanhol e tentar um intercâmbio, já que adoraria conhecer o mundo.
A Profa. Jailma me ajudou a ser mais atenta à
lógica da indústria cultural, e perceber a potência do sistema comunal e
solidário. Além do contato com esse arcabouço teórico diferenciado, pelos
tantos artigos escritos e publicadas, resultados do trabalho desenvolvido nas
disciplinas, renovei meu repertório vocabular, o que interferiu de maneira
positiva no domínio da modalidade formal da Língua Portuguesa.
O Programa também me tornou uma mulher mais
decidida; cada vez menos tímida. Um ganho simbólico altamente aceitável. Acabo
de me desligar do curso, isto é, cumpri os créditos e alcancei aprovação na
defesa. Mas, me sinto parte dele como se eu fosse uma de suas ramificações
poderosas. Não por outra razão, há muito o que agradecer por tudo que
registrei, aqui, e pelas portas e janelas que se abrirão doravante (concursos,
aulas na graduação, minicursos, palestras, intercâmbio, etc.).
Profissionalismo e humanidade são as palavras
de ordem, que me fazem lembrar com carinho dos professores que tive. Deixo um agradecimento
especial a meu orientador, Prof. Osmar, que me direcionou de maneira singular.
Por meio de seu olhar atento, pude desengavetar a pesquisa, defendida na
graduação, e avançar no sentido de analisar os modos estético-políticos dos
indígenas brasileiros superarem as ordens de despejo ontológica, territorial e
linguística. Trata-se de um estudo, decididamente, a ser continuado no
Doutorado.
No mais, parabéns ao Pós-Crítica pelos 10 anos
de “dever cumprido”, e à equipe docente pela experiência rica e energizante que
pôde me proporcionar.
Cheia de saudades,
Juliene Cristian Silva Pinto (Egressa
da turma 2017.1).
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