domingo, 18 de agosto de 2019

10 Anos do Programa de Pós-Graduação em Crítica Cultural da Universidade do Estado da Bahia — Pós-Crítica/UNEB — Campus II, Alagoinhas


10 Anos do Programa de Pós-Graduação em Crítica Cultural da Universidade do Estado da Bahia — Pós-Crítica/UNEB — Campus II, Alagoinhas

Prof. Dr. Osmar Moreira dos Santos (Coordenador)

Em 2002, como um farol, e no mesmo movimento civilizatório que embalava o Brasil rumo à eleição de Lula para presidente, propusemos à Pró-Reitoria de Pesquisa e Ensino de Pós-Graduação da UNEB, a criação do grupo de pesquisa Lingua(gem) e Crítica Cultural, com um foco em línguas e linguagens de minorias oprimidas e vislumbrando um compromisso da ciência e do pensamento acadêmico com a mediação dessas minorias ou coletivos junto aos aparatos de Estado.

Através desse grupo de pesquisa, abrimos três frentes de trabalho político-acadêmico, a saber, a animação científica pela pesquisa com protagonismo estudantil, reunião sistemática com doutores e doutorandos da área de letras, numa salinha da PPG, visando à criação de um programa stricto sensu, e a experimentação de questões e problemas, cujos resultados, colocassem a UNEB em diálogo com as principais universidades da Bahia e do Brasil. Em 2002, éramos apenas 50 doutores numa universidade com mais de 2000 professores, estando quase 80% de nós apenas com especializações lato sensu e nunca, mesmo todos juntos, em condições de propor e ter aprovado um projeto de infraestrutura junto a FINEP, por exemplo. Perdemos muitos editais até aprovar o primeiro creio que em 2004.

A proliferação dos seminários do NUES (Núcleo de Estudos da Subalternidade), como resultados parciais de pesquisa, a cada três meses, mobilizando todo o Campus II; um ano de reuniões quinzenais com doutorandos (muitos) e doutores (pouquíssimos) da área de Letras; a prospecção de temas e problemas para a reforma curricular dos cursos de Letras; a realização de fóruns microrregionais para se pensar uma política cultural, como trabalho de extensão multidisciplinar, fundamentando teoricamente tudo isso a partir dos debates epistemológicos nacionais e internacionais postos em movimento pela Literatura Comparada contemporânea, emergente ou em fase de consolidação, respectivamente, na UFBA e na UFMG, estabelecemos as condições para, seis anos depois, em final de 2008, tivéssemos aprovado, pela área e CTC da Capes, o Programa de Crítica Cultural.  

Em números, nesses 10 anos de existência (agosto de 2009 — agosto de 2019): quase 200 mestres formados, hoje atuando em universidades, cursando doutorado, enriquecendo as atividades pedagógicas de toda a rede pública da Bahia e do Brasil; uma articulação visceral entre graduação e pós-graduação em seminários semestrais, disso resultado cadernos de resumos, anais, protagonismo dos grupos de pesquisa e a maior oferta de bolsas de iniciação científica ao Curso de Licenciatura em Língua Portuguesa e Literaturas de toda a UNEB, superando a mais de 05 anos, seguidos, os cursos de Química, em Salvador e de Agronomia, em Juazeiro; um Procad por quatro anos  com o Pós-Lit da UFMG, conceito máximo da Capes; uma dezena de projetos de pesquisa e de infraestrutura aprovados em editais públicos com os da FINEP, PRONEM/Fapesb-CNPq, Fapesb, Capes, e que tem constituído em apoio robusto aos nossos laboratórios e intercâmbios científicos com universidades da América Latina, África, Rússia, Índia, China, além de Europa e Estados Unidos; enfim, esses números levaram o programa a ser muito bem avaliado na última avaliação quadrienal da Capes (Muito bom, em 23 dos 25 itens; Bom, nos outros dois), obtendo com isso a nota 4.

Soma-se a isso, a aprovação do Curso de Doutorado, em fevereiro desse ano de 2019 e, em final de julho, também desse ano, a implantação do Departamento de Linguística, Literatura e Artes, desmembrando, assim, os cursos de Letras do Departamento de Educação do Campus II que, desordenadamente, envolve cursos de duas outras grandes áreas: Ciências Humanas, com cursos de História e Pedagogia; Ciências da Saúde, com curso de Educação Física.

Situado na grande área dos Estudos Linguísticos e Estudos Literários do sistema científico brasileiro, organizado pela Capes e CNPq, o Programa de Pós-Graduação em Crítica Cultural do Campus II da UNEB, em Alagoinhas, tem duas linhas de pesquisa Literatura, Produção Cultural e Modos de Vida e Letramentos, Identidades e Formação de Educadores, através das quais mobiliza atividades de pesquisa, ensino e extensão que vão da mediação junto a escolas fundamentais e colégios estaduais do território Agreste de Alagoinhas e Litoral Norte, passando pelo redimensionamento e prática curricular dos cursos de Letras da UNEB e sua maior inserção na comunidade local, aos intercâmbios estaduais, regionais, nacionais e internacionais voltados à mobilidade docente e discente.

Graças, ainda, a projetos de pesquisa com apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa e Ensino de Pós-Graduação (PPG — UNEB) e de fundações e agências de fomento, a exemplo do Laboratórios do Pensamento Crítico Cultural e do Potências transnacionais emergentes e seus crivos culturais (BRICS), o programa tem contribuído fortemente na internacionalização da língua portuguesa e sua relação com a línguas russa, o mandarim e o inglês da Índia e África do Sul. Sendo assim, e por promover esses encontros interpessoais, interinstitucionais, nos últimos 10 anos, esse programa de pós-graduação tem apresentado como resultados dezenas de milhares de produtos bibliográficos e técnicos, acessíveis através das mais diferentes plataformas e veículos de divulgação qualificados, bem como construído uma plataforma local de conexões globais. Isso é fator decisivo para o desenvolvimento da Bahia e do Brasil no que concerne à aquisição de uma língua voltada ao seu protagonismo civilizatório e à sua cidadania cultural. Isso não é pouca coisa. Portanto merece continuar recebendo todo o apoio da política científica da UNEB e do Estado do Bahia.

Por fim, um segredo: nada disso teria acontecido sem um coletivo forte e empenhado, sem fogueira e muita, muita festa do pensamento!

Alagoinhas, 12 de agosto de 2019.

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