10 Anos do Programa de Pós-Graduação em Crítica Cultural da Universidade do Estado da Bahia — Pós-Crítica/UNEB — Campus II, Alagoinhas
Prof. Dr. Osmar Moreira dos Santos (Coordenador)
Em 2002, como um farol, e
no mesmo movimento civilizatório que embalava o Brasil rumo à eleição de Lula para
presidente, propusemos à Pró-Reitoria de Pesquisa e Ensino de Pós-Graduação da
UNEB, a criação do grupo de pesquisa Lingua(gem) e Crítica Cultural, com um
foco em línguas e linguagens de minorias oprimidas e vislumbrando um
compromisso da ciência e do pensamento acadêmico com a mediação dessas minorias
ou coletivos junto aos aparatos de Estado.
Através desse grupo de
pesquisa, abrimos três frentes de trabalho político-acadêmico, a saber, a
animação científica pela pesquisa com protagonismo estudantil, reunião
sistemática com doutores e doutorandos da área de letras, numa salinha da PPG,
visando à criação de um programa stricto
sensu, e a experimentação de questões e problemas, cujos resultados,
colocassem a UNEB em diálogo com as principais universidades da Bahia e do
Brasil. Em 2002, éramos apenas 50 doutores numa universidade com mais de 2000
professores, estando quase 80% de nós apenas com especializações lato sensu e nunca, mesmo todos juntos,
em condições de propor e ter aprovado um projeto de infraestrutura junto a
FINEP, por exemplo. Perdemos muitos editais até aprovar o primeiro creio que em
2004.
A proliferação dos seminários do NUES (Núcleo de Estudos da
Subalternidade), como resultados parciais de pesquisa, a cada três meses,
mobilizando todo o Campus II; um ano de reuniões quinzenais com doutorandos
(muitos) e doutores (pouquíssimos) da área de Letras; a prospecção de temas e
problemas para a reforma curricular dos cursos de Letras; a realização de
fóruns microrregionais para se pensar uma política cultural, como trabalho de
extensão multidisciplinar, fundamentando teoricamente tudo isso a partir dos
debates epistemológicos nacionais e internacionais postos em movimento pela
Literatura Comparada contemporânea, emergente ou em fase de consolidação,
respectivamente, na UFBA e na UFMG, estabelecemos as condições para, seis anos
depois, em final de 2008, tivéssemos aprovado, pela área e CTC da Capes, o
Programa de Crítica Cultural.
Em números, nesses 10 anos de existência (agosto de 2009 —
agosto de 2019): quase 200 mestres formados, hoje atuando em universidades,
cursando doutorado, enriquecendo as atividades pedagógicas de toda a rede
pública da Bahia e do Brasil; uma articulação visceral entre graduação e
pós-graduação em seminários semestrais, disso resultado cadernos de resumos,
anais, protagonismo dos grupos de pesquisa e a maior oferta de bolsas de
iniciação científica ao Curso de Licenciatura em Língua Portuguesa e
Literaturas de toda a UNEB, superando a mais de 05 anos, seguidos, os cursos de
Química, em Salvador e de Agronomia, em Juazeiro; um Procad por quatro
anos com o Pós-Lit da UFMG, conceito
máximo da Capes; uma dezena de projetos de pesquisa e de infraestrutura
aprovados em editais públicos com os da FINEP, PRONEM/Fapesb-CNPq, Fapesb,
Capes, e que tem constituído em apoio robusto aos nossos laboratórios e
intercâmbios científicos com universidades da América Latina, África, Rússia,
Índia, China, além de Europa e Estados Unidos; enfim, esses números levaram o
programa a ser muito bem avaliado na última avaliação quadrienal da Capes
(Muito bom, em 23 dos 25 itens; Bom, nos outros dois), obtendo com isso a nota
4.
Soma-se a isso, a aprovação do Curso de Doutorado, em
fevereiro desse ano de 2019 e, em final de julho, também desse ano, a
implantação do Departamento de Linguística, Literatura e Artes, desmembrando,
assim, os cursos de Letras do Departamento de Educação do Campus II que, desordenadamente,
envolve cursos de duas outras grandes áreas: Ciências Humanas, com cursos de
História e Pedagogia; Ciências da Saúde, com curso de Educação Física.
Situado na grande área dos Estudos Linguísticos e Estudos
Literários do sistema científico brasileiro, organizado pela Capes e CNPq, o
Programa de Pós-Graduação em Crítica Cultural do Campus II da UNEB, em
Alagoinhas, tem duas linhas de pesquisa Literatura, Produção Cultural e Modos
de Vida e Letramentos, Identidades e Formação de Educadores, através das quais
mobiliza atividades de pesquisa, ensino e extensão que vão da mediação junto a
escolas fundamentais e colégios estaduais do território Agreste de Alagoinhas e
Litoral Norte, passando pelo redimensionamento e prática curricular dos cursos de
Letras da UNEB e sua maior inserção na comunidade local, aos intercâmbios
estaduais, regionais, nacionais e internacionais voltados à mobilidade docente
e discente.
Graças, ainda, a projetos de pesquisa com apoio da
Pró-Reitoria de Pesquisa e Ensino de Pós-Graduação (PPG — UNEB) e de fundações
e agências de fomento, a exemplo do Laboratórios do Pensamento Crítico Cultural
e do Potências transnacionais emergentes e seus crivos culturais (BRICS), o
programa tem contribuído fortemente na internacionalização da língua portuguesa
e sua relação com a línguas russa, o mandarim e o inglês da Índia e África do
Sul. Sendo assim, e por promover esses encontros interpessoais,
interinstitucionais, nos últimos 10 anos, esse programa de pós-graduação tem
apresentado como resultados dezenas de milhares de produtos bibliográficos e
técnicos, acessíveis através das mais diferentes plataformas e veículos de
divulgação qualificados, bem como construído uma plataforma local de conexões
globais. Isso é fator decisivo para o desenvolvimento da Bahia e do Brasil no
que concerne à aquisição de uma língua voltada ao seu protagonismo
civilizatório e à sua cidadania cultural. Isso não é pouca coisa. Portanto
merece continuar recebendo todo o apoio da política científica da UNEB e do Estado
do Bahia.
Por fim, um segredo: nada disso teria acontecido sem um
coletivo forte e empenhado, sem fogueira e muita, muita festa do pensamento!
Alagoinhas, 12 de agosto de 2019.
Nenhum comentário:
Postar um comentário