10 Anos de Pós-Crítica
Cleane [Cleo] Medeiros
(Mestranda em
Crítica Cultural/UNEB)
Eu sou Cleane Medeiros, mestranda em Crítica Cultural.
Entrei no primeiro semestre de 2018.
Lembro que a cada etapa que eu passava, minha alma fazia uma
festa. O Pós-Crítica entrou em minha vida antes mesmo de eu saber a posição
geográfica de Alagoinhas. Terminei a graduação em História na UNEB de Jacobina
e, quando fui pensar em Mestrado, pensava fazer em Teatro. Quando li o edital e
passei as vistas nos trabalhos dos professores do Pós-Crítica eu fui seduzida.
Fui lendo-os e sentindo que havia encontrado o lugar que eu queria.
Quando li A luta
desarmada dos subalternos, do professor Osmar, houve catarse e, aí, eu não
olhei mais nenhum edital e comecei a escrever o meu projeto.
Findadas as etapas do processo seletivo, eu fiquei fora da
cota de bolsas, e meu Sertão é muito longe. Não haveria condições de
permanência. Contudo, mesmo com todas as dificuldades, em nenhum momento eu
pensei em desistir. Consegui uma barraca e montei no Quiósque do Campus. Vendia
meus livros, pintava camisas e nos momentos em que as coisas ficavam mais
difíceis eu encontrava apoio dos colegas e até de professores que sabiam de
minha luta. Alguns me davam alimentos, outros, produtos de higiene pessoal...
me senti acolhida! Me sinto incapaz de traduzir em palavras o que senti. Uma
força que eu não sei descrever me fazia devorar os textos programados com mais
fome do que a fome por comida, ora dentro da barraca, ora na trilha que dá uma
volta no campo de futebol e, quando eu não entendi o que Deleuze disse do
estruturalismo, eu pensei: “ele foi capaz de escrever. Eu posso ser capaz de
compreender”. Na caminhada estilo Zaratustra com o texto na mão, eu lembrava de
onde vim, e, agora, que eu já sabia o que significava violência epistêmica, a
vontade de saber parecia maior. Parecia que eu queria redimir alguma coisa. Eu
sou povo, sertaneja, mulher, e, contra as evidências, uma intelectual capaz de
ler o que se esconde nas sombras do meu tempo. Nas aulas, debates calorosos,
estimulantes e perturbadores. Hoje, estou na fase mais solitária, na escrita da
dissertação e logo concluirei essa etapa, podendo dizer com grande satisfação
que não foi somente de conteúdo do que me preenchi. Há coisas que as palavras
ainda não expressam.
Contudo, posso dizer que trago comigo a gratidão por todo
apoio daqueles que me ajudaram, e, sobretudo, a inquietação ainda mais viva e
latente que antes, a qual só me deixará parar quando eu morrer. Viva o povo
brasileiro! Os negros, os indígenas, os sertanejos, as mulheres, LGBTQ+! Viva as pernas longas e infindas que
se ramificam quebrando os vidros da subalternidade! Viva o Pós-Crítica!
Cléo, meu amor... VOCÊ É UMA MULHER FORTE, VOCÊ É UMA MULHER INCRÍVEL!
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