domingo, 18 de agosto de 2019

10 Anos de Pós-Crítica


10 Anos de Pós-Crítica


Cleane [Cleo] Medeiros
(Mestranda em Crítica Cultural/UNEB)

Eu sou Cleane Medeiros, mestranda em Crítica Cultural. Entrei no primeiro semestre de 2018.

Lembro que a cada etapa que eu passava, minha alma fazia uma festa. O Pós-Crítica entrou em minha vida antes mesmo de eu saber a posição geográfica de Alagoinhas. Terminei a graduação em História na UNEB de Jacobina e, quando fui pensar em Mestrado, pensava fazer em Teatro. Quando li o edital e passei as vistas nos trabalhos dos professores do Pós-Crítica eu fui seduzida. Fui lendo-os e sentindo que havia encontrado o lugar que eu queria.

Quando li A luta desarmada dos subalternos, do professor Osmar, houve catarse e, aí, eu não olhei mais nenhum edital e comecei a escrever o meu projeto.

Findadas as etapas do processo seletivo, eu fiquei fora da cota de bolsas, e meu Sertão é muito longe. Não haveria condições de permanência. Contudo, mesmo com todas as dificuldades, em nenhum momento eu pensei em desistir. Consegui uma barraca e montei no Quiósque do Campus. Vendia meus livros, pintava camisas e nos momentos em que as coisas ficavam mais difíceis eu encontrava apoio dos colegas e até de professores que sabiam de minha luta. Alguns me davam alimentos, outros, produtos de higiene pessoal... me senti acolhida! Me sinto incapaz de traduzir em palavras o que senti. Uma força que eu não sei descrever me fazia devorar os textos programados com mais fome do que a fome por comida, ora dentro da barraca, ora na trilha que dá uma volta no campo de futebol e, quando eu não entendi o que Deleuze disse do estruturalismo, eu pensei: “ele foi capaz de escrever. Eu posso ser capaz de compreender”. Na caminhada estilo Zaratustra com o texto na mão, eu lembrava de onde vim, e, agora, que eu já sabia o que significava violência epistêmica, a vontade de saber parecia maior. Parecia que eu queria redimir alguma coisa. Eu sou povo, sertaneja, mulher, e, contra as evidências, uma intelectual capaz de ler o que se esconde nas sombras do meu tempo. Nas aulas, debates calorosos, estimulantes e perturbadores. Hoje, estou na fase mais solitária, na escrita da dissertação e logo concluirei essa etapa, podendo dizer com grande satisfação que não foi somente de conteúdo do que me preenchi. Há coisas que as palavras ainda não expressam.

Contudo, posso dizer que trago comigo a gratidão por todo apoio daqueles que me ajudaram, e, sobretudo, a inquietação ainda mais viva e latente que antes, a qual só me deixará parar quando eu morrer. Viva o povo brasileiro! Os negros, os indígenas, os sertanejos, as mulheres,  LGBTQ+! Viva as pernas longas e infindas que se ramificam quebrando os vidros da subalternidade! Viva o Pós-Crítica!

Um comentário:

  1. Cléo, meu amor... VOCÊ É UMA MULHER FORTE, VOCÊ É UMA MULHER INCRÍVEL!

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