Dez Anos de Crítica Cultural: Agregando a Maquinaria da Potência de Inventar Lugares Outros
Nazarete Andrade Mariano
(Mestra em Crítica Cultural/UNEB — turma
2012)
Há aproximadamente sete
anos fomos convidados a escrever um breve depoimento em homenagem aos quarenta
anos da UNEB. Naquela ocasião estava no primeiro ano do Mestrado em Crítica
Cultural como aluna regular. Éramos um número razoável de mestrandos, se não me
falha a memória vinte e três mestrandos no total.
Essa turma de 2012 deixou
várias marcas! As conquistas... As perdas... As teorias... As práticas... As
rupturas... Os desmontes... Os docentes... E as amizades! Amizades estas que carrego
para onde vou. Um dos grandes legados que nós, do Programa em Crítica Cultural,
construímos!
Os nossos professores e
professoras foram bases fundamentais para nos tornarmos os mestres e as mestras
que hoje somos. Tanto na labuta da sala de aula da Educação Básica, quanto nos
desafios das graduações e nas produções e pesquisas pós-mestrado.
Aprendemos, e ainda
estamos aprendendo, a ser, não apenas pesquisadores da Crítica Cultural, mas
também aprendemos a transpor nossos olhares para além da teoria, para além da
pesquisa! Transpomos esses olhares às rupturas! Para o desmonte! Para a teoria
do praticado! Às margens...
Tenho na minha memória
recente, que quando me encontrava no papel de orientanda, aprendia a orientar!
Quando já não tinha mais o que escrever, nosso orientador chegava com um direcionamento
e de uma tranquilidade única.
Porém, quando achávamos
que já estávamos confortavelmente com nossas ideias, sempre aparecia um docente
a nos lembrar de que éramos estudantes da Crítica Cultural e, como tal, éramos
e seríamos uma potência de criar e movimentar dos centros às margens ou das
margens aos centros, como em um Rizoma!
Nesse movimento,
ligávamos ao que já sabíamos com aquilo que estávamos conhecendo e
redescobrindo. Assim, surgiam os desmontes! Desmonte que cada um levou a partir
de sua construção enquanto pesquisador de um Programa em Crítica Cultural.
Rompendo com a velha base e agregando a maquinaria como potência de inventar e
reinventar.
Vejo que o Crítica
Cultural nos ajuda a garantir o tão sonhado lugar de criação, principalmente na
linha de Letramento e formação docente. E foi pensando esse lugar de criação
docente que me encontrei e, até hoje sigo, tentando descobrir cada vez mais
esse lugar para as criações docentes.
A teoria, principalmente
a teoria do praticado, nos sensibiliza ao deslocamento. Nesse movimentar surge
a potência de criação, de produção! Da pesquisa e das produções desenvolvidas
durante o mestrado, tive o privilégio de produzir o meu primeiro livro, pois a
minha dissertação foi adaptada na sua publicação. Sem esse aporte dado pelo
Programa em Crítica Cultural, e sem as amizades construídas, não seria
possível.
Nessa caminhada, também
tivemos perdas! A principal delas foi de nosso colega de turma que seguiu para
outro plano. Arthur nos deixou de maneira abrupta, rompendo sua vida e fazendo
com que refletíssemos sobre a brevidade da vida. A brevidade das relações. A
brevidade...
Nessa brevidade já foram
dez anos do nosso dileto Programa Crítica Cultural. Faço parte da terceira
turma e, aproximadamente há sete anos que iniciamos essas “viagens”
rompendo não somente as fronteiras vizinhas, como também as fronteiras das
nossas limitações: de tempo, espaços e de conhecimentos.
Olhando pelo retrovisor,
percebo que já temos cinco anos de espera. Isso mesmo, de espera! Espera para
iniciarmos a nossa turma de um possível doutorado. O sonho de novos encontros e
reencontros, e de seguir com as rupturas, com os desmontes, com a potência
dessa maquinaria que é o Programa em Crítica Cultural.
Tive a felicidade de
seguir com conquistas que surgiram dessa maquinaria. Continuo com pés no chão
da escola. Todavia, a prática e o olhar são outros. Somos levados a pensar
diariamente outros pensamentos, somos levados a olhar por outros ângulos...
E o meu lugar de criação
docente? E o meu lugar para com a maquinaria da potência de ser um crítico cultural
atuante? Ora, vamos abrindo as brechas e desenvolvendo práticas de letramentos;
práticas essas, carregadas de um olhar as identidades de nossos estudantes,
tanto da Educação Básica, quanto nas Universidades.
Logo, percebo quantas
conquistas foram agregadas na minha vida, desde as viagens semanais que fazia
como aluna especial em 2011, até a minha espera para assumir meu concurso da
UPE. Só tenho a agradecer todos os encontros e os espaços de criações aos quais
fui e continuo sendo inserida.
É isso aí, amiga Naza! A Crítica Cultural faz parte das nossas vidas. Amei o seu texto.
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