sábado, 24 de agosto de 2019


Canto de Voar


Marluce Freitas de Santana
(Mestra em Crítica Cultural/UNEB, turma 2014; Docente da UNEB)


Imaginem vocês!
uma transa arretada,
daquelas que deixa a gente arriada,
mas nunca saciada
de tanto amor pra amar!

Imaginem outra cena
da tecelã inconformada
com o resultado da sua arte,
destecendo com vontade
pra outra tessitura criar!

Imaginem uma história
de quem recorta da memória
experiências (re)existentes,
ressignificadas, renascentes
de um casulo dormente,
num pós-tempo acreditar.

Pois foi assim que um dia,
estava eu acomodada,
meio sem lume, sem mirada
feito lagarta a rastejar...
mas naquela letargia
eu pensava — que bom seria,
se criasse asas e a mania de voar, voar, voar!

Viajaria por toda parte,
quem sabe iria até Marte,
ao infinito, ou coisa assim!
Mas como uma mulher conseguiria?
sendo avó, mãe, esposa, professora, e tia,
experimentar essa alquimia
e do casulo voar, voar sem fim?

Esta busca inquietante
me levou a uma constante
necessidade de desbordar,
E, desbordando as últimas trilhas,
procurava alternativas
pro desejo de reinventar.

Foi aí que uma hermana,
conhecendo minha gana
de vontade de voar,
trouxe-me a feliz notícia
de um programa Pós-Crítica,
experiência singular.

Uma janela potente
para os estudos da gente
que escolheu na cultura
objeto pra estudar.

Foi aí que achei o húmus,
a sintonia, o rumo
e com a cabeça em prumo
nas letras evaristianas mergulhei,
desvendando sua escrita
“Literafrofeminista”
subversão biopolítica,
nesse universo me encontrei.

Foi poiésis, aventura,
escrevivências, tessituras,
deslocamentos...
que loucura!
no meio da roda vi dançar,
todas as minhas certezas
e nessa dança — que beleza!
minhas crenças? com certeza,
foram de pernas para o ar.

No combate às desigualdades
e qualquer subalternidade
o papel da universidade
é estratégico, eu sei.
Nesse sentido, o Pós-Crítica,
por sua estratégia política,
se destaca e se qualifica
agente de transformação social.

Nesses 10 anos de existência
e notória relevância
se comprova a importância da Crítica Cultural,
que toma o campo linguístico,
literário e artístico para o desmonte dos nichos de poder colonial.

E por isto, neste momento,
cheixs de contentamento
temos muito a festejar.
Parabenizar os/as docentes
por dedicarem-se presentes
a esta consolidação;
e também aos estudantes,
egressos, atuais e visitantes,
por todo sucesso desse instante
e de muitos anos que virão.

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